A implantação do programa Luz para Todos pelo governo federal, que pretende levar luz elétrica a regiões pobres do país, é a grande aposta da Pirelli Energia, de Santo André, para impulsionar os negócios nos próximos três anos. Única empresa da região filiada ao Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-Ferrosos do Estado de São Paulo), a Pirelli estima aumentar a produção em mais de 275%.
Além disso, a fabricante de cabos e condutores de Alumínio deve produzir mais de 40% de toda demanda nacional prevista para este ano – 30 mil a 35 mil das 76 mil toneladas estimadas pelo Sindicel, das quais 45 mil para o mercado normal e 31 mil para o Luz para Todos.
O Sindicel prevê ainda utilização de 20 mil toneladas do produto para linhas de transmissão. Como consequência, o setor deve aumentar em 48% neste ano e 39% em 2006 a produção de cabos de transmissão de energia. Conforme a entidade, em 2004, a fabricação no país foi de pouco mais de 60 mil toneladas.
Mesmo com o aumento da demanda devido ao programa Luz para Todos, ainda sobrará capacidade instalada nas empresas nacionais. “As fábricas do setor têm capacidade para produzir e ofertar até 150 mil toneladas de cabos condutores de alumínio anualmente. A demanda total deve atingir 96 mil toneladas em 2005 e 111 mil toneladas em 2006. As encomendas não virão somente do Luz para Todos, mas também das empresas responsáveis pela implementação das novas linhas de transmissão de energia concedidas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) recentemente”, diz o presidente do Sindicel, Sérgio Aredes.
Em alta – O diretor comercial de Concessionárias e Infra-estrutura da Pirelli, Artur Paulo de Farias, a empresa produziu no ano passado 8 mil toneladas do produto. “Com o aumento da fabricação, pretendemos crescer em 25% este ano aumentando a produção de cabos de alumínio em Santo André e Sorocaba.”
O diretor da Pirelli confirma a previsão do Sindicel e afirma que mesmo com a carga extra de produção, ainda terá capacidade ociosa na fábrica. Por motivos de interesses privados, a empresa, de acordo com Farias, não pode divulgar a capacidade total de produção, mas informou que está preparada para atender a demanda desde que as concessionárias planejem as compras.
Apesar da animação que domina o setor, ainda existe a preocupação do em relação à liberação de verbas para o Luz para Todos. Sérgio Aredes, do Sindicel, teme que, se o dinheiro sair somente no fim do ano, muitas indústrias cabos condutores de alumínio não conseguirão atingir a produção anual estimada devido à falta de tempo.
Outro fator que preocupa é a eventual falta de planejamento por parte das concessionárias, que podem concentrar as compras em períodos curtos. “Isso poderia trazer problemas para os fabricantes estabelecerem um programa de entrega de insumos junto aos fornecedores de matériasprima”, afirmou Aredes.
Serviços – Além da indústria, o setor de prestação de serviços também tem boas expectativas. A Eng Cabos, de Ribeirão Pires, especializada em instalação de cabos de energia de alta tensão, estima crescimento de 100% para este ano devido ao Luz para Todos. “Temos instaladores homologados a atuar com alta tensão. A maioria dos fabricantes não instala e os compradores querem a garantia de bons serviços. Prestamos serviços nessa área em todo o país”, afirma o sócioproprietário, Alexandre Pereira Barboza.
Fundada há três anos por ex-funcionários da Pirelli, a Eng Cabos, diz que espera crescer tanto devido à falta de concorrentes. “Existem poucas empresas no Brasil especializadas em instalação de cabos de energia de alta tensão. Mesmo na América do Sul, os profissionais são escassos.”
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